segunda-feira, 17 de setembro de 2012

LONDRINOS, PARISIENSES, BELGAS - ENSAIO SOBRE AS DIFERENÇAS

Londrinos são muito polidos, muito educados, irônicos, eventualmente podem ser rudes sem alterar o volume de voz. Parecem suportar melhor os turistas, que não são tantos quanto os que há em Paris. Tudo bem que estávamos em época de Paralimpíadas, então não é possível saber se não havia um esforço especial para nos tratar bem...

Parisienses parecem indiferentes e acostumados a ver a turba enfurecida tomar de assalto sua cidade como bárbaros tomando Roma. Se eu fosse morador de Paris pensaria seriamente em me mudar de lá. A cidade está suja, não há sossego em lugar algum, aqui um grupo imenso de japoneses impede a passagem de quem quer que seja, ali turistas italianos gritam como loucos, acolá a excursão de velhinhos espanhóis para tudo ao seu redor... E haja lixo!

Ainda assim, os Parisienses não me pareceram o povo incrivelmente educado do qual me falavam. Vi mais de uma pessoa cuspindo na rua, NUNCA vi alguém oferecer lugar a outra pessoa (idosos, mulheres, gestantes, etc) no metrô. Eu ofereci meu lugar duas vezes. Na primeira o velhinho passou por mim sem me ouvir (acho que como eles não fazem isso o senhor não percebeu o que estava acontecendo) e na segunda uma senhora recusou polidamente, mas com muita desconfiança do gesto - será que achou que eu era tarado por senhoras? Juliana deu seu lugar a uma senhora e ela só faltou beijá-la na boca de tão agradecida. Estava claro que isso não acontecia naquele lugar.  

Os belgas de Bruxelas são muito, mas muito mais educados que os parisienses. Também viemos num fim de semana especial, é bom que se diga, o que talvez torne a análise pouco efetiva, mas em Brugge, onde o turismo é a alma da economia, eles também são muito atenciosos.

Em Londres nos comunicamos em inglês, evidentemente - Juliana é fluente na língua da rainha, ainda que da escola que fica do outro lado do Atlântico. Em Paris muita gente fala inglês o suficiente e muita gente fala inglês muito bem - pelo menos aqueles que trabalham com turismo. Na Bélgica TODOS falam francês e inglês muito bem, além de holandês.

Assim, no continente nossa comunicação (já que não falamos mais do que o básico em francês) virou uma espécie de novilíngua - para usar um termo do George Orwell. É um tal de s'il vous plaît, water, please? para cá, pardonne-mois, how much is the coke? para lá, e fica tuuuudo bem. Viva Chacrinha!

Hoje mesmo quando voltamos de Brugge, saindo da Gare de Midi (a estação de trem) um senhor me ofereceu um iPhone (ou algo parecido, mas vindo do mercado negro, se é que você me entende). Pensando em português eu disse a ele:  s'il vous plaît!, como quem diz em português por favor, sai fora! Claro que ele  entendeu que eu queria o produto e veio atrás de mim. Juliana e eu rimos muito da minha confusão...

Aliás, outra confusão aconteceu comigo em Paris, dessa vez não por causa da confusão de línguas, mas do meu, digamos, physique-du-rôle de cocainômano... Um homem negro, provavelmente de algum lugar do norte da áfrica, dirigiu-se a mim num dialeto que não compreendi. Disse a ele, já com um tom de voz do tipo me deixe em paz - claramente tratava-se de um nóia - que não falava francês. Ele debruçou-se, levou sua boca quase ao meu ouvido e disse: cocaine... Peraí! Nem na França eu escapo deste estigma???

Por fim, uma última observação. A questão da imigração é séria e preocupante em todos os lugares para onde fomos, exceto Brugge, onde ficamos um só dia e não tenho condições de fazer uma análise mais profunda.

Ontem mesmo li num site brasileiro que na Alemanha, Judeus sentem-se ameaçados mais uma vez graças a uma polêmica quanto à circuncisão. Mas não são apenas os judeus na Alemanha. Há os indianos e os muçulmanos em Londres - muitas mulheres de burca andam nas ruas de lá. Há argelinos e outros povos de origem árabe - sem véu islâmico - em Paris. E há brasileiros, árabes e muitos outros em Bruxelas.

Estas pessoas, muitas delas ilegais, trabalham como recepcionistas, vendedores - de rua às vezes, muitos com turismo, muitos e muitas em serviços de hotelaria - garçons, arrumadeiras, etc. Em tempos de economia em alta, tudo bem. Mas e agora com as coisas como estão? Sabemos do histórico dos europeus com intolerância - vide primeira e segunda guerras, Iugoslávia, Tchecoslováquia, antiga União Soviética...

Eu não gostaria de ser pessimista, mas não acho que isso possa dar certo se as coisas - as coisas econômicas, sobretudo - não entrarem no eixo. Tomara que Merkel e companhia consigam segurar o euro, senão...

PARIS - PESADELO, SONHO, PESADELO...

Chegamos a Paris à noite. Da Gare du Nord fomos de metrô até Republique, onde ficaríamos hospedados. Sair de lá foi uma visão assustadora. Parecia com os piores lugares de São Paulo. Uma grande praça destruída  colocada abaixo, muita obra, confusão, helter-skelter, salvai-me Paul McCartney!

A rua de nosso hotel não constava do mapa. Anda para lá, anda para cá, tenta de um lado, tenta do outro, conversa com o motoqueiro, vai ao jornaleiro, anda mais um pouco, volta para dentro da estação, procura mais - Paris está começando a ficar chata - e nada da tal Rue de Malte.

Santa boulangerie, amado padeiro, direção certa e meia  hora depois de sair daquele buraco para aquela praça de guerra na qual se transformara Republique, nos vemos a meia quadra do lugar de onde saíramos e a partir do qual andáramos uns quinhentos metros...

A região era mesmo feia, o hotel era ruim, o recepcionista não falava língua exatamente conhecida - francês, inglês, que nada, estava mais para a língua da torre de Babel - o cheiro do lugar não era dos melhores, o prédio antigo, descuidado e empoeirado não trazia bons agouros e a saudade de Londres queimava.

Uma noite de sono depois, Paris estava fria e chuvosa. O museu D'Orsay parecia o lugar para onde todos os turistas foram para fugir da chuva. Tudo bem, fugimos deles, atravessamos o Sena - que é bem mais bonito que o Tâmisa - e chegamos a uma imensa praça. O milagre de Paris começava a acontecer.

À direita vemos o Louvre ao longe, à esquerda um imenso boulevard que leva à Place de La Concorde e, no final, ao longe, o Arco do Triunfo no fim da Champs Elysees. Uau! Esqueça Republique, esqueça o hotel, enjoy...

Mesmo sob a chuva, o impacto deste dia foi imenso. Fizemos no mesmo dia o Arco do Triunfo e a Torre Eiffel. Sob chuva e vento. Depois, com o tempo melhor, descemos a pé em direção à Citè. Tudo naquela cidade é lindo. 

E não falo apenas de arquitetura. Os museus são incríveis - Louvre, D'Orsay, Rodin - o passeio de barco à noite, Montmartre e Sacre Coeur, o Quartier Latin, Place des Vosges, tudo vale a pena.

É incrível como é possível entender franceses e ingleses vendo suas cidades, suas culturas, ainda que por poucos dias. É possível entendê-los melhor, inclusive em suas idiossincrasias.

Quando voltamos de Versailles, no penúltimo dia na frança, pensei muito sobre a experiência pela qual esse povo passou. Em como construíram uma belíssima cidade, uma belíssima civilização, e a que custo! E pensei que a história parece ser circular. Será que acontecerá por aqui tudo de novo? Coisas bem sombrias permearam meus sonhos...

domingo, 9 de setembro de 2012

ARQUITETURA

Nada é mais belo do que a arquitetura Londrina. Mas viver aqui talvez seja um pouco irritante em função da grande quantidade de turistas.

Ao contrário do que eu imaginava, há muito lixo espalhado. E quem faz isso? Os turistas, claro.

Sábado e domingo a cidade é bem menos interessante, muita gente, MUITA gente. Todas as línguas.

Ontem, na região dos Museus - atrás do Hyde Park há o Museu de História Natural, o Albert & Victoria Museum, o Science Museum e o Royal Albert Hall - vimos uma enorme quantidade de edifícios belíssimos, ruas pequenas, becos antiquíssimos, tudo muito bonito.

Hoje ficamos praticamente a tarde toda no Globe Theatre. Incrível, belo, emocionante... Talvez o passeio mais tocante, para terminar uma viagem incrível, ainda que as idiossincrasias da terra da rainha ainda me intriguem... Afinal, monarquia para quê?

Volto a escrever de Paris.

sábado, 8 de setembro de 2012

LONDRES COMEÇA A SURGIR




Depois de um breve passeio chegamos ao Soho. Pela manhã ele deve ser outro lugar. Entretanto estávamos praticamente sós, pudemos ver tudo com calma. Continuando chega-se ao West-End, bairro dos teatros, dos musicais. Estamos cumprindo  roteiro.
De metrô chegamos a Covent Garden. Então Londres começou a se mostrar, ao menos para mim. De um lado um pequeno edifício comercial com um quarteto de cordas tocando música erudita. Do outro, uma igreja chamada St. Pauls com um páteo interno incrível. Dentro, uma pianista e uma violonista ensaiando. Neste lugar, pela primeira vez senti algo especial na viagem.
Talvez para nos preparar para o que viria depois: National Gallery, um capítulo à parte. Caravaggio, Van Gogh, Renoir, Leonardo da Vinci. Muitas horas em pé... Cansaço...

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O PRIMEIRO DIA EM LONDRES




Queríamos ver tudo, o dia estava claro, muito sol – Londres não era cinza? – e fomos direto para os programas mais óbvios:, Nothing Hill, andando ao redor do Hyde Park, metrô até Oxford Street, parque St. James, London Eye, passeio pelo Tamisa, todos os monumentos históricos do centro de Londres, tudo a partir da Picadilly Circus, descendo em direção ao rio.

Depois subimos em direção ao Big-Ben, Westminster, passamos pelo Palácio – ainda há monarquia aqui??? – Green Park e devolta ao hotel. Banho, ida ao Pub – o mesmo, chama-se The Sussex Arms. Uma hora de internet grátis, não deu tempo de falar com ninguém no Brasil...

O INFERNO, O INFERNO!




Ninguém deveria ficar onze horas dentro de um avião. É um “buzão” que não faz parada, tem umas pessoas mal humoradas te servindo uma comida sofrível de vez em quando, com muito mais gente do que num ônibus... Aliás, não escolham a TAM em suas viagens aéreas. Está cada vez mais insuportável – não bastasse a situação já ser suficientemente vexatória...
Assim, chegar em Londres era apenas um detalhe, não era possível ver beleza alguma ao redor. Mesmo o hotel – localizado numa vila na Talbot Square, a duas quadras da Paddington Station – não trouxe muito alento.
Depois de um banho, tiramos coragem do útero para fazer uma pequena caminhada por Hyde Park. Então a cidade surgiu em ruas minúsculas, mão invertida, beleza atroz. Descendo à esquerda em direção ao parque chegamos a um bairro repleto de estabelecimentos árabes, muitas mulheres vestindo burka, bares com homens fumando narguile e um supermercado no qual compramos algo para comer.
Ao lado do hotel, na London Street, vimos um “pub”. Foi lá que terminamos nosso primeiro dia em Londres, tomando cerveja em meio ao barulho. Hotel, sono, descanso.

domingo, 2 de setembro de 2012

NOTÍCIAS DO VELHO MUNDO

Amanhã embarcamos para Londres. Ficaremos seis dias lá. Depois, cinco dias em Paris, três em Bruxelas, três em Amsterdam, cinco em Berlin e, finalmente, mais um dia em Londres antes de voltarmos ao Brasil.

Mandarei notícias.

Beijos e até a volta.