segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

MINHAS MULHERES - PARTE 2

Quando conheci Juliana foi como se estivesse me olhando no espelho. Aquela menina à minha frente era frágil, meiga, autoritária, exigente, delicada, sensível, altamente propensa a julgar as pessoas, muito dedicada aos amigos cobrando um preço alto por isso. Mas, acima de tudo, solicitava de todas as formas possíveis que todos ao seu redor a amassem de maneira incondicional.

Sabedor de meu fracasso, não foi difícil perceber que aquela menina também fracassaria. Todos fracassamos neste intento de sermos amados desta forma, mais dia, menos dia.

Narciso, soube quase de imediato que meu destino estaria voltado para dar àquela menina amor suficiente para nos libertar e, assim, prender-nos um ao outro sem culpa.

Aquela menina era o processo final através do qual eu me curara, era a prova de que eu mudara, de que eu deixara de ser a vítima sem tornar-me algoz. Mas para isso eu precisaria abrir mão de mim mesmo através dela, transmutar-me pela transformação dela, o que, contraditoriamente, poderia libertá-la para além de mim.

Aos poucos, porém, minha própria liberdade passava por abrir mão também deste intuito segundo o qual eu a transformaria – a ela! - como forma de me salvar simbolicamente. Era um egoísmo que não fazia mais sentido na medida em que o amor que nutria por aquela menina já tinha vida e motivações próprias.

Hoje, quando vejo que a menina se transforma dia após dia em mulher – ainda que guardando para mim seus traços de menina, dos quais gosto tanto! - sinto-me orgulhoso de ter alguma participação nisso.

Juliana não é nem nunca foi minha maior provocação, minha maior prova de rebeldia - como entenderam alguns – nem minha salvação – como preferem outros. Mas é minha maior prova de liberdade – uma liberdade aprisionante, terna, bela e tranquila – e de que também eu posso amar e ser amado, de que posso ser feliz ainda que uma tristeza perene nos envolva graças à nossa natureza soturna.

Vez por outra ainda me emociono com minha pequena. Seja por existir, simplesmente, seja quando usa parte de seus dias para cuidar das pessoas que ela ama. E hajam Walkyrias, Ulysses, Lavínias e Eurídices para dividi-la comigo! Sem falar de todos os cachorros, gatos, patinhos, leõezinhos, pandinhas e todo o zoológico que tanto a emocionam.

Sei que estou preso a ela desde os primeiros momentos, desde as primeiras dores compartilhadas, desde o primeiro rímel borrado pelas suas lágrimas. Jamais deixarei que a transformem em algo menor que o imenso amor que sinto por ela.



terça-feira, 18 de janeiro de 2011

LEITURA

Queridos:

Quando fizemos este espetáculo, há 13 anos, nenhum de nós sabia da importância que ele teria em nossas carreiras.
Estávamos lá eu, Daniel Alvim, Marcelo Médici, Manuel Candeias, André Frateschi, Luís Miranda, Lúcia Romano, Paulo Faria, Julio Pompeo, Beto Magnani, Carolina Kasting - que nem chegou a fazer a peça, foi antes fazer "Brida" da extinta TV Manchete - Roberta Koyama, Luciano Gatti, Fausto Maule, tanta gente...
Para comemorar esta data, reunimos alguns de nós e faremos uma leitura dramática com as músicas em versão acústica.
Foram as primeiras músicas que eu fiz para teatro... Estou adorando recordá-las e cantá-las outra vez...
E a Juliana, com quem estou casado há cinco anos, está conhecendo esta história agora e também fará parte da leitura e cantará uma destas canções.
Então, espero vocês.

Beijos

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

NATAL EM SÃO FRANCISCO XAVIER

Juliana e eu decidimos, pela primeira vez em nossa vida de casados, fazer nosso natal. Sem filhos, fomos apenas nós. O lugar escolhido foi São Francisco Xavier.

Distrito de São José dos Campos, a cerca de 50 km pela BR-050, a cidade está localizada entre montanhas da Serra da Mantiqueira. Clima úmido, muito verde, muitas cachoeiras, animais, trilhas, artesanato, culinária, tudo no lugarejo é agradável.

Nos hospedamos num lugar chamado Refúgio Villa da Mata. São apenas três chalés localizados no meio de um imenso vale, cercado de natureza, a 4 km do centro da cidade. Em cada um deles, deck com ducha, sauna privativa, banheira de hidro, tv a cabo, wi-fi para quem não abre mão de internet - meu caso. Há a lareira, que é um charme à parte, mas, infelizmente não usamos já que fomos no verão. O site tem essas e outras informações (www.refugiovilladamata.com.br).

Os donos e administradores - Tatiana e Fábio - são gentis, educados, preocupados com o meio ambiente - ela é advogada e ele é ambientalista - e fazem do atendimento um charme especial do lugar. Ela é meiga, delicada, adora uma conversa; ele cozinha e, durante nossa estada, em função das férias de alguns funcionários, nos levava nosso café da manhã pessoalmente.

Se quiser pode ter boa conversa com ambos, mas eles são discretos quando você deixa claro que quer privacidade.

O lugar oferece o melhor de dois mundos: natureza e civilização em doses ideais. Os preços são justos. A internet funciona lentamente já que é por rádio, mas Fábio tenta levar o sistema convencional até a pousada o que resolveria este problema. Celular só de uma operadora (Vivo), mesmo assim de forma intermitente.

Na noite de natal, nossa seia foi servida pela própria Tatiana num ambiente elegante e simples, o chef foi o próprio Fábio e a gentileza e delicadeza foram tocantes.

Por tudo isso, não apenas recomendo, mas já me programo para voltar à pousada no inverno.

Feliz ano novo!