domingo, 31 de outubro de 2010

DILMA ELEITA

Honestamente eu gostaria de ter visto um processo eleitoral menos obscurantista. Menos idade média. Menos religião metendo o bedelho em estado laico.

Gostaria de viver em um país no qual as mulheres fossem levadas a sério, minimamente. Dentre todas as mulheres que conheci, que fizeram aborto, nenhuma saiu desta experiência feliz. Todas as vezes era tomar aquele medicamento que todos conhecemos e esperar sangrar. Depois a internação e a curetagem. A decepção com elas mesmas e/ou com seus "companheiros". Ninguém sai desta experiência melhor, convenhamos. Mas não era essa a discussão. A questão era de saúde, não era?

Gostaria que a questão da diminuição da pobreza tivesse sido levada a sério. Que os pretos e pobres do país pudessem, além de receber algum dinheiro como forma de tirá-los da pobreza extrema, começar a pensar em ir para a escola, em fazer da educação sua plataforma de ascenção social. Que os professores não fossem tratados como bandidos. Que estas questões tivessem aparecido na disputa eleitoral.

Gostaria que os homossexuais começassem a ser tratados como cidadãos. Que pudessem, ao perderem seus companheiros e companheiras, ter os mesmos direitos que um casal heterossexual. Que tivessem estes mesmos direitos em vida. Isso também é questão de política, não de religião.

Gostaria que pretos, pobres e mulheres fossem a prioridade visto que são, de longe, os grupos historicamente mais injustiçados no país e no mundo.  E que homossexuais e bissexuais fossem respeitados tanto quanto católicos, protestantes, judeus, umbandistas, e perdoem-me se misturo religião com orientação sexual, mas algumas crenças quiseram acabar com  outras ao longo da história - muitas vezes com assassinatos em massa, lembremos - como agora muitas destas religiões querem tratar a orientação sexual como questão de certo e errado.

Feitas as ressalvas, cabe uma comemoração. Pela primeira vez uma mulher foi eleita para o cargo político mais importante do país. Uma justiça às milhões de mulheres que pautaram suas vidas por lutar por um país mais justo - como fez minha irmã Clarete Paranhos (e me regozijo com sua alegria pela eleição de Dilma, assim como me compadeço com as inúmeras frustações que ela acumula em seus anos de luta).

Pelo afeto e respeito que tenho por minha irmã e pelas mulheres de minha vida - também por serem mulheres, mas principalmente pelo cidadão no qual me tornei graças a elas - que Dilma seja o melhor para o país. Como Lula foi.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

RESPOSTA DE UMA AMIGA...

Renata Laurentino disse...

Saindo do armário aqui também...

1) Acredito em todas as Deusas e Deuses criados pelo homem.
2) Não sei exatamente o que significa DIREITA E ESQUERDA hoje em dia. Tenho a sensação que já nasci na esquerda!
3) Sou a favor da descriminalização do aborto;
4) Sou a favor da descriminalização da maconha, contanto que consumida em lugares privados;
5) Sou a favor da proibição do cigarro em lugares públicos;
6) Sou a favor da união civil e do casamento de homossexuais;
7) Sou contra qualquer tipo de preconceito racial, social e intelectual;
8) Sou a favor da criminalização de qualquer manifestação contra judeus, muçulmanos, ciganos, homossexuais, mulheres e negros (e certamente estou esquecendo de alguns grupos..);
9) Sou a favor da mudança da Lei Rouanet;
10) Sou artista
11) Fui pobre, muito pobre.
12)Gosto de seres humanos, homens e mulheres.
13) Sou a favor de plano para repensarmos as políticas culturais e educacionais deste país.
13)Sou a favor de um olhar mais profundo para a a questão de adoção das crianças , que lotam os orfanatos em todo o país.

domingo, 17 de outubro de 2010

SAINDO DO ARMÁRIO

1) Sou ateu;
2) Sou de esquerda;
3) Sou a favor da descriminalização do aborto;
4) Sou a favor da descriminalização da maconha, contanto que consumida em lugares privados;
5) Sou a favor da proibição do cigarro em lugares públicos;
6) Sou a favor da união civil e do casamento de homossexuais;
7) Sou contra qualquer tipo de preconceito racial;
8) Sou a favor da criminalização de qualquer manifestação contra judeus, muçulmanos, ciganos, homossexuais, mulheres e negros (e certamente estou esquecendo de alguns grupos..);
9) Sou a favor da mudança da Lei Rouanet;
10) Sou artista e intelectual;
11) Fui pobre, muito pobre.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"NENHUMA ESPERANÇA, NENHUM MEDO"*

Em tempos de eleições fico estranho. Leio os jornais, folheio as revistas, assisto aos programas de notícias e, estranhamente, a coisa mais interessante que vejo é a reapresentação de "Vale Tudo".

Tem música do Cazuza, dois anos antes de sua morte, tem a Gal ainda cantando, mas sempre berrando, tem a Lídia Brondi antes da síndrome do pânico e tem o mesmo país, sem ética, sem sonhos, sem cores.

Em tempos de eleição as pessoas me mandam mensagens que me fazem crer que sou de direita. Logo depois as pessoas me mandam mensagens que me fazem crer que sou do século passado, tão esquerdista e ultrapassado.

É, acho que sou isso tudo. Só não queria mesmo era ser isso, essa coisa "Beckettiana" que não fede nem cheira. Estou "pastel" em minha desesperança com o país.

Ps.: O título do post é uma frase de Samuel Beckett