sexta-feira, 4 de março de 2011

O DE PERTO QUE NÃO PODE SER VISTO

- Minha vista está turva, disse, quase às lágrimas. Foi repentino, quase um átimo, um feixe de luz que se apaga. Via apenas o que estava longe.

As horas seguintes foram difíceis, angustiantes, repletas de expectativas, algumas vezes um de nós esteve à beira do descontrole, mas disfarçamos bem.

Fazer malas, ir-se para o branco do hospital, engolir o choro, embalar o choro, dizer palavras reconfortantes, meias mentiras, meias verdades, umas e outras entremeando-se, entrecortando-se, contradizendo-se, com a honestidade dos aflitos.

Ela, algumas vezes, esteve só; em tubos e agulhas e líquidos que lubrificariam o sangue e sangue manchando o líquido lubrificante e líquidos que nunca vemos exceto quando estamos frágeis. Nós estivemos sós em nossas suposições, trágicas às vezes, desesperadas quase nunca, repetitivamente otimistas, sempre silenciosas. Sempre.

(Dias atrás contei a ela, pela enésima vez, do dia em que minha espinha fora perfurada por uma longa e espessa agulha, dores e gritos, "não me deixe morrer" - repetia eu - num longínquo 1975. Meu líquor outrora, o dela agora. Minha história era sobre amor, assim como essa).

Agora, enquanto ela repousa ao meu lado estou sereno, tranqüilo. Vai levar um tempo, entretanto, para esquecer o quanto foi aterrador. Bom sono meu amor. E bons sonhos...

Um comentário:

  1. ei primo gostei muito dos teatro e senas do filmes carandiru legal mesmo fiquei muito feliz
    e emocionado com td isso
    sou oripedes aparecido andreassa de curitiba
    meu email cemporcentoinformatica@yahoo.com.br
    site http://grupocemporcento.no.comunidades.net

    ResponderExcluir