Muita gente acha estranha minha paixão por esportes, futebol em primeiro lugar. Talvez eu nunca tenha tentado esclarecer isso.
Futebol, além de metáfora da vida, reflete muito bem a alma de um povo. É um esporte democrático, na medida em que ricos e pobres têm acesso a ele, sem discriminação.
Como não é tênis, esporte que EXIGE determinadas condutas, EXIGE cavalheirismo, EXIGE boa educação, foram incorporadas ao jogo certa dose de malandragem, violência, machismo, cafajestagem, que muitos de nós acabam achando normal.
Não. Não é normal. Futebol DEVERIA ser como o tênis. Faltas deveriam ser coibidas, senão PROIBIDAS. Malandragem não deveria fazer parte do jogo.
Acontece que a maioria de nós tem vergonha da educação, da boa índole, do cavalheirismo. E futebol é coisa de pobre mesmo, então tudo bem ser grosseiro.
Não. NÃO É BOM SER GROSSEIRO. Deveríamos ter um código de conduta rígido. Estamos nos acostumando com FALTAS NECESSÁRIAS. O que é isso? Desde quando temos de concordar com isso?
No jogo e na vida FALTAS SÃO FALTAS. Não podemos abrir exceção, é um perigo terrível! Primeiro concordamos que determinadas faltas são necessárias e depois acabaremos por achar que determinados assassinatos também são. Não. O que é bom é bom e o que é ruim é ruim.
Como pobres podem praticar futebol - para jogar tênis em São Paulo é preciso pagar uma FORTUNA, três bolas de tênis aqui perto de casa custam 15 REAIS - nos acostumamos a tolerar truculência, violência, malandragem, picaretagem...
Estou farto. Eu AMO futebol. Mas estou farto. Ouvir o goleiro do mais popular clube do Brasil dizer aqueles absurdos, imaginar que talvez ele tenha feito o que fez...
Precisamos de futebol, precisamos de arte, precisamos de cultura, MAS PRECISAMOS, ACIMA DE TUDO, DE EDUCAÇÃO!
Vou continuar a gostar de futebol. Agora, no entanto, estou envergonhado. Precisamos repensar o país, precisamos repensar o futebol, precisamos repensar nossas pequenas atitudes que colaboram para que pessoas despreparadas, semi-analfabetas, sem nenhuma perspectiva exceto virar celebridade ou jogador de futebol, façam o que espero que esse rapaz, goleiro do Flamengo, não tenha feito.
E que se faça valer, de verdade, a Lei Maria da Penha.
P.s.: Estou tão indignado com esta história que não consigo falar sobre a morte de Ezequiel Neves exatamente 20 anos após a morte de Cazuza. Falo disso depois.
Futebol, além de metáfora da vida, reflete muito bem a alma de um povo. É um esporte democrático, na medida em que ricos e pobres têm acesso a ele, sem discriminação.
Como não é tênis, esporte que EXIGE determinadas condutas, EXIGE cavalheirismo, EXIGE boa educação, foram incorporadas ao jogo certa dose de malandragem, violência, machismo, cafajestagem, que muitos de nós acabam achando normal.
Não. Não é normal. Futebol DEVERIA ser como o tênis. Faltas deveriam ser coibidas, senão PROIBIDAS. Malandragem não deveria fazer parte do jogo.
Acontece que a maioria de nós tem vergonha da educação, da boa índole, do cavalheirismo. E futebol é coisa de pobre mesmo, então tudo bem ser grosseiro.
Não. NÃO É BOM SER GROSSEIRO. Deveríamos ter um código de conduta rígido. Estamos nos acostumando com FALTAS NECESSÁRIAS. O que é isso? Desde quando temos de concordar com isso?
No jogo e na vida FALTAS SÃO FALTAS. Não podemos abrir exceção, é um perigo terrível! Primeiro concordamos que determinadas faltas são necessárias e depois acabaremos por achar que determinados assassinatos também são. Não. O que é bom é bom e o que é ruim é ruim.
Como pobres podem praticar futebol - para jogar tênis em São Paulo é preciso pagar uma FORTUNA, três bolas de tênis aqui perto de casa custam 15 REAIS - nos acostumamos a tolerar truculência, violência, malandragem, picaretagem...
Estou farto. Eu AMO futebol. Mas estou farto. Ouvir o goleiro do mais popular clube do Brasil dizer aqueles absurdos, imaginar que talvez ele tenha feito o que fez...
Precisamos de futebol, precisamos de arte, precisamos de cultura, MAS PRECISAMOS, ACIMA DE TUDO, DE EDUCAÇÃO!
Vou continuar a gostar de futebol. Agora, no entanto, estou envergonhado. Precisamos repensar o país, precisamos repensar o futebol, precisamos repensar nossas pequenas atitudes que colaboram para que pessoas despreparadas, semi-analfabetas, sem nenhuma perspectiva exceto virar celebridade ou jogador de futebol, façam o que espero que esse rapaz, goleiro do Flamengo, não tenha feito.
E que se faça valer, de verdade, a Lei Maria da Penha.
P.s.: Estou tão indignado com esta história que não consigo falar sobre a morte de Ezequiel Neves exatamente 20 anos após a morte de Cazuza. Falo disso depois.
Elis meu querido.E pensar que o futebol no Brasil só era jogado pela elite e pelos brancos...pobres e negros não podiam nem ver os jogos.E olha a beleza que se tornou.
ResponderExcluirAgora,no caso do Bruno (eu como flamenguista) acho difícil não ser ele.O histórico ja o condena e com as últimas notícias...
Perante a paixão pelas artes, eu considero que, sim, o futebol é uma arte. Com todo o seu histórico, sua referência atual e sua construção. Antigamente quando os negros jogavam (isso quando podiam jogar) apanhavam dos brancos, e pra fugir da humilhação criaram os "passes" para driblar o adversário sem precisar apanhar ao perder a bola, a chamada "malandragem" do futebol brasileiro, e isso é lindo, assim como o Samba, ambos estão intimamente ligados, e partilham das mesmas origens, essa coisa de rua, de chão, de bairro, de partilhas.
ResponderExcluirMas ainda acho bastante problemático, o Futebol, com seu lado 'avesso' de dinheiro, da detenção de uma renda milionária a cada jogador, e quanto aos torcedores, continuam na mesma, torcendo por um jogador que troca de camisa a cada nova proposta num time que lhe pague melhor. E perante essa visão equivicada do futebol, criam-se novos e futuros Brunos, que chegaram ao patamar tão valorizado, mas sem as devidas intenções, sem a devida "Educação" como você citou.
Cada vez mais está se "naturazindo" certas ideias odiosas na sociedade, ideias como as de que dependendo da situação, certos crimes, violência, agressividade, são tolerados e até necessários, como o futebol não deixa de ser uma projeção da sociedade, do ser humano vivendo em comunidade e interagindo uns com os outros, o futebol se torna uma especie de replica disso, replica dos problemas sociais, da nosso sociedade em constante mutação, projeta assim, essa tolerancia a determinadas coisas.
ResponderExcluirOuvi algumas pessoas falando que Eliza mereceu o que lhe aconteceu por ser prostituta, é um exemplo da tolerancia a algo repudioso devido a uma determinada situacao. Crime tolerados, faltas toleradas... o futebol mais uma vez reproduzindo a sociedade que vivemos.