domingo, 6 de junho de 2010

MINHA COPA DE 98


Nós estreáramos “Um Certo Faroeste Caboclo” em janeiro. Foi o espetáculo que significou a inserção de muitos nós, de forma definitiva, no circuito teatral paulistano.

Do Pessoal do Faroeste (que virou nome da Cia, já que cada vez que comparecíamos a uma festa comentava-se que o pessoal do faroeste estava presente) saíram Daniel Alvim, Luciano Gatti, Manoel Candeias, Beto Magnani, dentre outros. Por lá também passamos eu, Lúcia Romano, Marcelo Médici, André Frateschi e, claro, Paulo Faria, que é o único de nós que continua por lá.

Naquele ano de 98 morávamos – Paulo e eu – no apartamento da Rua João Ramalho, em Perdizes, para onde eu me mudara antes de pedir demissão da vídeolocadora 2001 e voltar para a profissão que eu escolhera em 1987.

Foi neste apartamento que Paulo Faria – com sua sem cerimônia – invadia meu quarto para me ouvir tocar e cantar minhas canções ao violão. Também ali, numa de suas inúmeras festas para os exilados paraenses, ele quase me obrigou a mostrar estas canções publicamente.

Destas experiências nasceu a parceria do espetáculo “Um Certo Faroeste Caboclo” , letras e músicas minhas para dramaturgia dele.

Na primeira fase da copa, só me lembro de Brasil X Noruega, jogo que assistimos – Julio Cesar Pompeo e eu – num boteco ali ao lado da PUC (onde estudava Juliana, que eu ainda não conhecia).

Quando terminou o jogo, uma melancolia tomou conta de mim. Um mau agouro aquela derrota. Tomei um Dramin e fui dormir depois de chorar. Acho que o Julio achou um pouco exagerado, mas não falou muita coisa.

Na terça, 07 de julho, tínhamos uma pré-estreia marcada para as 19 horas no Centro Cultural São Paulo. Na semana seguinte à final da Copa faríamos a estréia da temporada que nos marcaria a todos.

Acontece que neste mesmo dia o Brasil pegava a Holanda pela semifinal da copa. Ufa! Vimos o jogo na casa de um dos músicos da banda, o Márcio Nigro. Todos se segurando para não beber já que tínhamos que fazer o espetáculo logo mais.

Acontece que aquela partida foi para matar quem tivesse coração fraco. E, no segundo tempo, a cerveja foi liberada. Quando o jogo foi para a prorrogação pegamos os carros e fomos para o teatro, ouvindo o jogo pelo rádio.

Na disputa de pênaltis o elenco – mais corajoso que eu – ficou no bar do teatro assistindo, enquanto eu ficava lá longe, num dos corredores que davam acesso à sala de espetáculos, ouvindo as comemorações. Soube da vitória quando São Paulo explodiu.

Naquela noite fizemos um espetáculo feliz. Mais do que deveríamos, se é que me entendem...
Na final contra a França ficamos todos alheios ao que estava acontecendo nos bastidores. Aquele enredo de filme noir só seria desvendado depois e aos poucos.

Num apartamento de Higienópolis, meu amigo Gabriel Braga Nunes reuniu familiares e amigos para ver a final. Encontrei com sua mãe - a atriz Regina Braga – dia destes quando eu gravava uma participação numa novela na qual ela certamente será um dos destaques, grande atriz que é, e relembramos este dia.

A cada gol francês eu me posicionava mais próximo da porta já temendo pelo vexame que eu daria se o Brasil perdesse. Quando tomamos o terceiro gol eu saí – desculpem o trocadilho – à francesa e fugi para minha casa, meu quarto, meu sono, do qual só acordei num longínquo dia seguinte, quando as histórias sobre a crise nervosa de Ronaldo já tomavam as manchetes dos jornais.

A despeito do sucesso que faríamos ao longo daquele e dos dois anos seguintes, minha memória é mais intensa quando pensa nas crises nervosas. Não a de Ronaldo, mas as minhas próprias.

Mais de dois anos depois, em outubro de 2000, a maior de todas me levou a um hospital. Eu tinha trinta anos e chegara ao ponto do qual passei a emergir. Naquele momento, entretanto, me era impossível enxergar a superfície.

2 comentários:

  1. Eu estava no Pronto Socorro do Hospital São Paulo, Trabalhava 12/36 era meu plantão, estava no balcão preenchendo fichas para pacientes, mas como em copa quase ninguém ficava doente, ou melhor, em dias de jogos o movimento no PS era pouco só uns bêbados e olha lá, é serio!!! Colocara uma televisão de 14", olha Horrível ver o que se passou naquele jogo, uma coisa marcou foi à revolta do Jogador Edmundo não se conformando com o que estava acontecendo, ele parecia ter sido traído assim como milhões de Brasileiros ou é impressão minha.?!!!!

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  2. acho que eu estava bebado. Devo ter bebido e não lembro muito da final. Acho que o que achei mais chato foi não poder continuar bebendo nesse dia, tipo puta comemoração perdida.

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