Faz tempo que não escrevo, faz muito tempo que não escrevo sobre esportes. Acontece que meu time acaba de protagonizar um incidente que sobrepõe, em muitos níveis, a façanha de ganhar a Libertadores do ano passado. Alguém soltou um sinalizador que matou um adolescente em Oruro.
O rapaz tinha a idade do Wagner, meu melhor amigo morto num acidente de trânsito quando tínhamos 14 anos - era 1984.
Adoraria que o time assumisse a culpa de sua torcida, aceitasse a punição, que as organizadas ligadas ao clube fossem banidas, que esse episódio fosse, para nós, algo parecido com o que foi aquele em que "Hooligans" ingleses tornaram-se responsáveis pelo banimento dos times ingleses das ligas européias.
Para que eu não tenha mais que formular conceitos complicados para defender, frente a meus amigos artistas e intelectuais, minha paixão por este esporte que poderia ser sublime, mas não passa, na maioria das vezes, do retrato da barbárie.